O que é a Psiquiatria?

A doença mental subentende uma alteração patológica dos processos mentais, do humor e do comportamento. Ela representa uma ruptura biográfica, gera experiências subjetivas desagradáveis e restringe a liberdade pessoal.

As doenças mentais  apresentam um conjunto organizado e constante de sintomas, que seguem um curso e prognósticos previsíveis.

A intervenção farmacológica e psicoterapêutica permite o tratamento e alívio do sofrimento, melhorando consideravelmente o prognóstico.

Áreas de Intervenção

  • Depressão

    É uma condição clínica caracterizada por um sentimento de tristeza e pela perda de interesse por atividades que antes eram tidas como agradáveis. Para ser considerada uma perturbação e não uma reação normal, estes sintomas devem persistir durante pelo menos duas semanas e ser, geralmente, acompanhados por alterações no apetite e nos padrões de sono, fadiga, dificuldades de concentração, indecisão, pensamentos suicidas ou sentimentos de inutilidade, impotência e desespero. A tristeza é uma emoção que faz parte da vida psíquica normal. É uma reação normal a momentos mais difíceis, mas geralmente passa em pouco tempo. Uma depressão é algo que tem um grave impacto na vida. Pode causar sofrimento tanto para o doente, como para as pessoas que o rodeiam. Trata-se de uma perturbação, que pode ser grave, e não de um sinal de fraqueza ou falha de carácter. A depressão afeta ao longo da vida cerca de 20% da população portuguesa e é considerada a principal causa de incapacidade e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis. Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Diferentes fatores têm influência no risco de depressão, como alterações em neurotransmissores (substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurónios), fatores genéticos, traços de personalidade e fatores ambientais. Enquanto alguns genes aumentam a resiliência – a capacidade de recuperar de situações adversas – e protegem contra a depressão, outros genes aumentam esse risco. Experiências como traumas ou abusos durante a infância e stress durante a idade adulta podem aumentar o risco. No entanto, as mesmas situações de stress e perda podem desencadear a depressão numa pessoa e não na outra. Os fatores ambientais desempenham também um papel importante, uma vez que um bom ambiente familiar e relações sociais saudáveis podem aumentar a resiliência. Cerca de metade das pessoas que têm um episódio de depressão recuperam e não voltam a ter nenhum episódio. No entanto, depois de três episódios, o risco de reincidência aproxima-se dos 100% se não existir tratamento de prevenção. A depressão, mesmo nos casos mais graves, pode ser tratada e quanto mais cedo o tratamento é iniciado, mais eficiente é. A maioria dos doentes apresentam melhorias dos seus sintomas quando tratados com antidepressivos, psicoterapia ou uma combinação dos dois.

  • Perturbações de Ansiedade

    A ansiedade é uma reação normal ao stress do dia-a-dia. É comum sentir-se ansioso quando tem problemas no trabalho, antes de um exame ou prova ou até quando necessitam de tomar uma decisão importante na sua vida. Se a ansiedade for exagerada e prolongada, poderá tornar-se um problema grave. Apenas se pode falar em perturbação de ansiedade quando existe um medo e ansiedade desproporcionado, ou seja, que se prolonga há pelo menos seis meses e que tem um verdadeiro impacto na vida quotidiana. Existem diversas perturbações de ansiedade, nomeadamente as fobias, os ataques de pânico, a perturbação de ansiedade generalizada, o stress pós-traumático, entre outras. Todas têm em comum um sentimento de ansiedade exacerbado, que se prolonga durante vários meses e constituem a perturbação psiquiátrica mais frequente.

  • Perturbação Bipolar

    As pessoas com perturbação bipolar passam por drásticas alterações de humor. Ora com episódios maníacos, onde se sentem muito felizes e satisfeitas, mais enérgicas e activas que o normal, ora com episódios depressivos, caracterizados por sentimentos de profunda tristeza, culpa e quebra de energia vital. Os sintomas mais comuns durante os episódios maníacos são caracterizados por uma fase de energia excessiva com agitação e aceleração do pensamento, com discurso rápido e confuso, com euforia e autoestima exacerbada, com diminuição da necessidade de sono, com impulsividade através de gastos excessivos e comportamentos imprudentes, com conduta sexual inadequada e até com consumo abusivo de drogas. Já os sintomas dos episódios depressivos caracterizam-se por uma fase de tristeza profunda e persistente, com alterações no sono, com alterações do apetite e peso corporal, com irritabilidade ou agitação, com dificuldades de concentração e na tomada de decisão, com fadiga ou perda de energia, com sentimentos de culpa e impotência e até com pensamentos suicidas.

  • Esquizofrenia

    Trata-se de uma patologia do cérebro que afeta de forma grave a capacidade de pensar da pessoa, a sua vida emocional e o seu comportamento em geral. Provoca sintomas psicóticos como alucinações (ver ou ouvir coisas que não existem), delírios (ter crenças de natureza bizarra ou paranóide que não se enquadram no senso comum) e défices cognitivos (dificuldades em prestar atenção, concentrar-se e abstrair-se). Existem, também, sintomas relacionados com a personalidade e alterações do estado emocional, como a diminuição ou perda de vontade, o aparecimento de apatia, ansiedade ou depressão. A esquizofrenia tem um grande impacto no estilo de vida dos doentes e na sua imagem social. Torna-se um desafio a integração dos mesmos na comunidade.

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